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sexta-feira, 1 de maio de 2009

O Cara Do Capacete Amarelo

RIO DE JANEIRO - Era uma vez um garotinho que gostava de automobilismo desde pequeno. A corrida mais antiga que lembra de ter visto tinha 3 anos, e com certeza já via antes, vindo de uma família que - assim como praticamente todo brasileiro na época - tinha como programação no Domingo assistir à Formula 1, isso já na época dos primeiros títulos do Piquet. Mas para aquele garotinho só havia um que sempre foi o melhor: o cara do capacete amarelo. Paixão incondicional mesmo, das brabas. À bordo de seu carro vermelho e branco, o cara do capacete amarelo encantava o pequeno já apaixonado por corridas. Era rápido, invencível, nada segurava o cara, não importava quem mais estivesse correndo, principalmente as Williams que ele detestava quando ganhavam dele. Na chuva então, simplesmente destruía: enquanto todos paravam desesperados pra trocar de pneus ele ainda dava 3 voltas com os pneus slick, palavra que ele já havia aprendido a falar. E eis que um dia, num Domingo como outros, o cara do capacete amarelo se estatelou num muro. Sua irmã mais velha, inconsolável no sofá, chorava copiosamente. E de uma hora pra outra, ele se foi. Diz a mãe do garotinho que ele passou boa parte daquela semana sem falar muito, do alto de seus quase 8 anos de idade, provavelmente meio inconsolável com a morte de seu super-herói. E foram-se as manhãs de festa, a empolgação com os atos de quase loucura dentro de um carro de corrida. Mas automobilismo é maldito, e a cachaça depois que entra no sangue não sai nunca mais, e o garoto cresceu sem deixar de gostar e de acompanhar. Cresceu, e a paixão aumentou cada vez mais. Viu outro mito nascer, se aposentar, e aprendeu que nem sempre se torce desesperadamente pelo piloto do próprio país, e por isso mesmo, o mundo inteiro idolatrava o cara do capacete amarelo, especialmente os nipônicos, onde o cara é quase uma divindade, e vez ou outra se pega escorrendo meia dúzia de lágrimas ao ver alguma coisa do seu grande herói de infância. Hoje o garoto, este que vos escreve, largou estudava Engenharia, estuda Jornalismo. Tudo culpa de seu herói de infância, o cara do capacete amarelo.